Ansiedade com mudanças climáticas afeta a vida de 45% dos jovens no mundo

Pesquisa com 10 mil pessoas de 16 a 25 anos em dez países — incluindo o Brasil — indica que os mais novos consideram o futuro "assustador" e inação de governos é a principal causa


Por Redação Galileu



Imagem de uma moça atravessando a rua (Foto: Unsplash - Rodrigo Gonzales)


Os impactos ambientais das mudanças climáticas já são bastante estudados pela ciência. Mas eles não se restringem à natureza. Há indícios de que as alterações do clima e suas consequências afetam também a saúde mental dos mais jovens. É o que indica uma pesquisa publicada no periódico Science Direct.


Estudiosos das universidades de Bath, Helsinki e East Anglia entrevistaram 10 mil jovens com idades entre 16 e 25 anos, de dez países diferentes — incluindo o Brasil. O objetivo era entender como eles são afetados pelas mudanças climáticas .


Os participantes responderam a questionários sobre seus pensamentos e sentimentos a respeito da emergência climática e do posicionamento de governos frente a ela. A partir dos dados coletados, eles avaliaram se o sofrimento, a ansiedade, os pensamentos negativos e a angústia dos voluntários em relação ao clima estavam ligados às medidas dos governantes.


Os resultados indicaram que 59% dos entrevistados se mostraram muito ou extremamente preocupados com as mudanças climáticas, e mais da metade relatou sentir tristeza, ansiedade, raiva, impotência e culpa sobre essas questões.


Quanto às ações dos governantes sobre as mudanças climáticas, os jovens tampouco estão satisfeitos: 61% alegaram que a forma como os governos lidam com as alterações do clima não protege o planeta, a geração atual ou as futuras.


Cerca de 75% dos entrevistados veem o futuro como assustador, e mais de 45% consideram que seus sentimentos sobre as mudanças climáticas afetam negativamente sua vida diária. Além disso, muitos admitiram um alto número de pensamentos negativos e sensação de ansiedade e angústia relacionados com as respostas inadequadas do governo de seus países.


“Este estudo mostra um quadro horrível de ansiedade climática generalizada em nossas crianças e jovens. E sugere, pela primeira vez, que altos níveis de sofrimento psicológico em jovens estão ligados à inação do governo”, comenta Caroline Hickman, da Universidade de Bath e coautora principal do estudo, em nota.


Para os estudiosos, medidas para minimizar o sofrimento dos jovens devem partir dos governos e governantes, os responsáveis por adotar ações de combate aos efeitos do clima com intuito de "proteger a saúde mental de crianças e jovens por meio de ações éticas, coletivas e baseadas em políticas contra as mudanças climáticas".

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